O alperce é considerado um dos frutos mais deliciosos, com aroma e sabor únicos.
ORIGEM E HISTÓRIA
Cultivado em zonas temperadas, o alperce (Prunus armeniaca) é considerado um dos mais deliciosos frutos que existem. O seu aroma e sabor únicos e a capacidade de ser conservado, preservando as suas qualidades e características, são responsáveis pela sua grande dispersão geográfica.
Durante milhares de anos, os alperces cresceram nas encostas de montanhas na Ásia Central e China. Na Europa, existem registos de alperce com mais de 2000 anos. O alperceiro gosta de climas continentais e temperados, sendo o clima mediterrânico o seu preferido. Também pode crescer em climas subtropicais, mas requere aí mais atenção dado estar mais suscetível a doenças e pestes. Existem povoamentos silvestres no Tibete, nas encostas de montanhas em altitudes entre 700 e 3000 metros.
O cultivo do alperce espalhou-se da China para a Pérsia (atual Irão) de onde Alexandre, o Grande, o trouxe para a Europa. Devido ao seu enorme desenvolvimento na Arménia, os Romanos chamaram-lhe Armeniacum malum ou Macã-da-Arménia. Apesar de ter sido cultivado pelos Gregos e Romanos, foi com os Árabes que o alperce se espalhou por toda a bacia mediterrânica.
Até ao século XV, o alperce não era muito popular na Europa. Foi nesta altura que conquistou os paladares e então se espalhou, ao longo dos séculos seguintes, para as Américas, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
O alperce pode ser chamado de damasco, e, dependendo da região e país de língua oficial portuguesa, também é conhecido por abricó, abricô, apricó, abricoque, alberge, albricoque, alpece e alperche.
Esta é uma das árvores de fruto mais cultivadas nas regiões meridionais da Europa e os seus frutos podem ser consumidos frescos ou secos. No mundo ocidental, é utilizado para fazer compotas e, na China e outras regiões da Ásia, é salgado ou fumado. No Japão, o alperce é utilizado para fazer “brandy” de alperce, sendo também consumido em pickle para usos medicinais. O caroço também pode ser utilizado como ingrediente em bebidas alcoólicas e para fazer os famosos biscoitos de Amaretto (Itália).
Mais recentemente, o Alperce tem sido utilizado para fazer sumo sendo largamente apreciado e consumido.
CLASSIFICAÇÃO
TAXONÓMICA
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Rosales
Família: Rosaceae
Gênero: Prunus
O alperce (Prunus armeniaca) pertence à família Rosaceae (tal como a maçã, a pera, o pêssego e outras frutas de caroço duro). Faz parte do subgénero Prunophora, do género Prunus. Há seis espécies categorizadas: Alperce de Briancon, dos Alpes Françeses (Prunus brigantina), Alperce Comum (Prunus armeniaca L.), Alperce Roxo (Prunus dasycarpa) – nativo da região da antiga União Soviética -, Alperce da Manchuria (Prunus mandshuria), Alperce Japonês (Prunus mume) e Alperce da Sibéria (Prunus Siberica). Cada uma destas espécies é diploide e interfértil.
A variedade “Blenheim” é a principal variedade dos Estados Unidos da América, representando mais de 80% da produção.
Outras variedades: Tilton, Wenatchee Moorpark, Perfection, Earlicot e Autumn Royal.
Recentemente cruzaram-se ameixas e alperces resultando em híbridos que, segundo os criadores, terão melhor qualidade do que os progenitores e que começam já a ter produção comercial:
– O “Plumcot” é 50% ameixa e 50% de alperce.
– O “Aprium” é 75% de alperce e 25% de ameixa
– O “Pluot” é o híbrido mais popular com 75% de ameixa e 25% de alperce.
BOTÂNICA
Planta
O alperceiro ou damasqueiro é uma árvore de pequeno a médio porte, inerme (pouco espinhosa) e com copa arredondada. Comercialmente, é podada para não exceder os 4 metros, mas pode atingir os 15 metros. O tronco é reto e robusto, coberto de casca castanho-escura, um pouco fissurada. As folhas são elípticas e ovadas, com pontas agudas a acuminadas, lateralmente serradas e com cerca de 7 centímetros de comprimento. O alperceiro é cultivado há milénios e requer pouco trabalho e pouca água, comparado com outras árvores. Também não precisa de muito espaço e por isso consegue-se otimizar a sua produção.
Flor
As flores são semelhantes em morfologia às do pessegueiro, ameixeira e cerejeira. São flores normalmente solitárias de cor branca ou rosa, de cálice piloso, com 5 sépalas e 5 pétalas com 10 a 15 milímetros. As flores são hermafroditas e possuem muitos estames e um pistilo.
Polinização
As únicas variantes que requerem polinização são as “Riland” e “Perfection”. As abelhas são as principais polinizadoras.
Fruta
O Alperce é uma drupa com cerca de 4 a 8 centímetros de diâmetro, subglobosa, de pele aveludada. A cor vai de vermelho alaranjado a amarelo, dependendo da região e exposição solar, com o mesocarpo (polpa) amarelo alaranjado e endocarpo (caroço) com uma única semente.
As árvores são bastante precoces e começam a frutificar após o segundo ano, mas normalmente são precisos 3 a 5 anos para produzirem vigorosamente. Os frutos desenvolvem-se entre 3 a 6 meses, dependendo da região e variedade, e a principal época de colheita no hemisfério norte é de 1 de maio a 15 de julho.
Se o fruto se destina a ser consumido fresco é colhido ainda rijo, antes de ter atingido a maturação completa e o seu potencial sabor.
O alperce é um fruto climatérico com um ritmo moderado de respiração e, depois de colhido, inicia um rápido processo de produção de etileno. É um fruto frágil com epiderme delicada, sujeita a rasgar-se facilmente, que se deteriora rapidamente depois de maduro ainda na árvore e, principalmente, depois de colhido. Por estas razões, o alperce é muitas vezes colhido cedo demais, nunca atingindo a sua melhor qualidade. Se o fruto é para ser seco, então é colhido no seu ótimo estado de maturação.
Os alperces, quer para consumo em fresco quer para processamento, são colhidos à mão e cuidadosamente manuseados. Cada árvore terá duas a três colheitas com um intervalo entre elas de 2 a 3 dias. Podem ser conservados entre uma a duas semanas a temperaturas entre -0,5ºC e 0ºC, com humidade entre 90% a 95%..
40-50 mm (Médio)
Formato: Subgloboso
Epiderme: Aveludada
Cor: Amarela a vermelho-alaranjada
Cor da polpa: Amarelo-alaranjado
Características organolépticas: Firme, sumarento e doce
PRODUÇÃO MUNDIAL
Os maiores produtores de alperce são a China (15 217 797 ton), a Itália (10 90 678 ton), a Grécia (968 720 ton) e Espanha (903 809 ton) (FAOSTAT, 2018).
Por ser um fruto tão perecível, o alperce, além de ser comercializado em fresco, surge também no mercado seco ou em conserva. As variedades que mantêm a sua cor e sabor durante a secagem, como “Royal” e “Tilton”, são melhores para este tipo de mercado.
EM PORTUGAL
Em Portugal, o alperce é produzido por todo o país, não ultrapassando a área de 561 ha e com uma produção de 4457 toneladas (FAOSTAT, 2018).
COMPOSIÇÃO
NUTRICIONAL
O alperce é um fruto de grande valor nutritivo. Especialmente rico em vitamina A, veicula também outras vitaminas, açúcares, sais minerais e numerosos oligoelementos. A tabela 1 representa a composição nutricional de 100g de Alperce.
Tabela 2. Composição Nutricional por 100g edível de Alperce.
Para (100g) | % DDR | |
Energia (kcal) | 48 | – |
Macronutrientes | ||
Água (g) | 85.8 | – |
Proteína (g) | 0,8 | – |
Gordura Total (g) | 0,1 | – |
Hidratos de Carbono Totais (g) | 8.5 | – |
Fibra Alimentar (g) | 2.1 | – |
Vitaminas | ||
Vitamina A (Equivalentes de retinol, µg) | 180 | 23 |
Vitamina D (µg) | 0 | 0 |
Vitamina E (α-tocoferol, mg) | 0,7 | 6 |
Vitamina B1 (Tiamina, mg) | 0,04 | 4 |
Vitamina B2 (Riboflavina, mg) | 0,1 | 7 |
Vitamina B3 (Niacina, mg) | 0,5 | 3 |
Vitamina B6 (Piridoxina, mg) | 0,07 | 5 |
Vitamina B12 (Cobalamina, µg) | 0 | 0 |
Vitamina C (Ácido Ascórbico, mg) | 3 | 4 |
Folatos (µg) | 5 | 3 |
Minerais | ||
Cinza (g) | 0,8 | – |
Sódio (mg) | 1 | 0 |
Potássio (mg) | 260 | 13 |
Cálcio (mg) | 9 | 1 |
Fósforo (mg) | 15 | 2 |
Magnésio (mg) | 12 | 3 |
Ferro (mg) | 1 | 7 |
Zinco (mg) | 0,1 | 1 |
Fonte: TCA – Tabela de Composição de Alimentos. Centro de Segurança Alimentar e Nutrição. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. (Adaptado de: http://www.insa.pt). Dose Legal Recomendada Nacional, aprovada em Diário da República (http://www.apcv.pt/pdfs/legislacao/DL%2054_2010.pdf)